quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Sinto-te, também me sentes?

Chamava-te vezes sem conta da janela do meu quarto. Vestia-me ao domingo na esperança de voltar a estar contigo para irmos juntas lanchar. Já não o faço. Eu sei, já percebi como isso de 'estar no céu' funciona. Isso significa que já não estás em mais lado nenhum. Significa que não há mais dar as mãos, dar beijinhos ou ouvir o teu sorriso, sorriso esse que fizeste questão de dar um igualzinho à Mãe e a Mãe fez questão de o passar para mim. Completamente igual. Ouço-a a rir e ouço-te a ti também. Sempre toda independente, não deixavas ninguém ajudar-te porque dizias que a idade não passava por ti e que ainda conseguias. E a verdade é que conseguias mesmo. Lembro-me disso e ainda choro. Sento-me sozinha na beira da cama e tento pensar que estás a olhar para mim. Será? Estás tão longe, anos luz afastam-te de mim. Já tentei de tudo para conseguir enganar a realidade que encaro. É difícil conformar-me. Mas não restam alternativas, rendi-me... Para sempre. Para aceitar, viver e ultrapassar a dor. Embora permaneças dentro deste coração, gostava de ter a honra de te tocar mais uma vez. Porque todas as vezes não chegaram, nunca vão chegar. Não me esqueço dos traços da tua cara, muito menos dos traços, lugares e recantos do teu coração. São agora recantos do meu, cheios e recheados de ti. Não me vou esquecer, e sei que só quando te encontrar é que esta tempestade vai acalmar, até lá, aprendi a andar na chuva, esperando ansiosamente encontrar-te num dia de sol, que brilhará, mas nunca mais do que o brilho que os teus olhos sempre encandearam.
Sinto a tua falta.
Da sempre tua menina.

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