quinta-feira, 7 de março de 2013

ventousado

Era mais um dia. Um dia em que eu precisava de sair da cama para enfrentar, de cabeça bem erguida tudo aquilo que sempre encarei com frontalidade. Eu ouvia a chuva a cair, a janela estava aberta o suficiente para que eu conseguisse observar a dança (ou luta) das árvores com vento, e rapidamente me juntei àquele espectáculo admirável. Saí de casa e caminhei acompanhada pelo vento que há muito estava presente. Sentia-me cada vez menos dona dos meus passos, o vento tinha tomado conta deles quase por completo. Sentia-me a levitar, tomara que a minha mente e o meu coração pudessem "flutuar" também. Voei até ao meu destino, sabia que o meu cabelo dançava de acordo com a melodia daquela orquestra contagiante, que me impedia de ver com clareza o traçado de um andar que há muito deixara de ser meu. E, refugiada do sopro, passei apenas a ouvir a melodia melancólica do seu assobio. Estaria o vento triste? Ou estariam os meus passos errados? Ou será que nada estava certo? Senti aquela manhã de Inverno mais escura do que uma noite sem luar, mas não desisti. Porque no fim do dia, eu sabia que, como sempre faço antes de me deitar, ia olhar através janela do meu quarto para a noite escura e a lua ia mostrar que continua ali, a iluminar cada passo que dou no escuro e no vazio, porque felizmente, ainda há luar.

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